quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Cenário Atual e suas Incidências. Iamamoto

O cenário de atuação do Serviço Social está ligado ao objeto de trabalho do Assistente Social que é a “questão social” (que expressa o processo de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa) em suas novas bases de reprodução. Essas bases transformam-se de acordo com as novas formas de acumulação do capital alterando o padrão de acumulação capitalista, sob a égide da hegemonia do capital financeiro. Amplia-se assim, a competitividade intercapitalista nos mercados mundiais e nacionais, modificando as relações entre o Estado e a sociedade civil, conforme parâmetros estabelecidos por organismos internacionais, a partir do “Consenso de Washington”, em 1989, que recomendam uma ampla reforma do Estado, segundo diretrizes políticas de raiz neoliberal.
Em meados de 1970 com a crise nos modelos de produção tayloristas/fordistas ergue-se no que David Harvey qualifica de “acumulação flexível” impulsionadas pela revolução tecnológica em que verifica-se profundas alterações no âmbito da produção e comercialização, nas formas de gestão da força de trabalho, na estruturação dos serviços comerciais, financeiros e etc. As empresas passam a terceirizar mão-de-obra para enxugar o quadro pessoal, minimizar os direitos trabalhistas e ter profissionais polivalentes. Este processo atinge de forma particular também os Assistentes Sociais que por sua vez passam a ter múltiplas funções e deixam de ser um trabalhador especializado.
E o Estado diante disso?
O Estado também passa por essas mudanças através das políticas de reajuste, aderindo ao discurso do neoliberalismo, na qual temos como resultado o aumento do desemprego em massa e as privatizações. Ainda com relação ao Estado coloca-se em cheque dois pontos principais: primeiro que ele (o próprio Estado) é o causador de todos os problemas e o segundo mostra que o mercado e a iniciativa privada como a grande saída. O governo considera que o Estado deve deixar de ser “o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social” para se tornar promotor e regulador do desenvolvimento, transferindo para o setor privado, as atividades que possam ser controladas pelo mercado determinado pelo Plano Diretor de Reforma do Estado. A execução da Reforma do Estado choca-se, radicalmente, com as conquistas sociais obtidas na Carta Constitucional de 88. Os princípios de privatização, descentralização e focalização direcionam as ações no campo das políticas sociais públicas. Este processo amplia o espaço das grandes corporações empresariais e das organizações não governamentais – ONGs – na gestão e execução de políticas sociais, com amplas repercussões nas condições de trabalho e no mercado de trabalho especializado.

Para fazer frente a esse novo cenário histórico que redimensiona a formação profissional constroem-se, coletivamente, desde a década de 1980 pela categoria dos Assistentes Sociais O Projeto Profissional (comprometido com a defesa dos direitos sociais, da cidadania, da esfera pública no horizonte da ampliação progressiva da democratização da política e da economia na sociedade)  que se materializou no Código de Ética Profissional do Assistente Social e na Lei de Regulamentação da Profissão de Serviço Social (Lei 8662/93), ambos de 1993, assim como na nova proposta de diretrizes para o Curso de Serviço Social da Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social- ABESS de 1996. Os Assistentes Sociais estão sujeitos, como todos os demais trabalhadores, às mesmas tendências do mercado de trabalho.


Interpretação particular do proprietário do blog do Livro de Iamamoto " O Serviço Social na Comtemporaneidade" 

O Método de Marx.

            Para Marx, o método não é um conjunto de regras formais que se “aplicam” a um objeto que foi recortado para uma investigação determinada nem, menos ainda, um conjunto de regras que o sujeito que pesquisa escolhe, conforme a sua vontade, para “enquadrar” o seu objeto de investigação. Marx não nos entregou uma Lógica, deu-nos a lógica d´O capital, numa palavra deu-nos a teoria do capital: a reprodução ideal do seu movimento real.
O método implica, para Marx, uma determinada posição (perspectiva) do sujeito que pesquisa: aquela em que se põe o pesquisador para, na sua relação com o objeto, extrair dele as suas múltiplas determinações. Porque quanto mais avança na pesquisa, mais descobre determinações – conhecer teoricamente é saturar o objeto pensado com as suas determinações concretas.
As “abstrações mais tênues” e as “determinações as mais simples” vão sendo carregadas das relações e das dimensões que objetivamente possuem e devem adquirir para reproduzir (no plano do pensamento) as múltiplas determinações que constituem o concreto real.
A formulação da “Introdução” de 1857 é, vista no processo do pensamento de Marx, um ponto de chegada e um ponto de partida. É um ponto de chegada, na medida em que resulta de todo o trato teórico anterior e, pois, contém uma adequação da posição (perspectiva) do pesquisador às exigências do objeto; é um ponto de partida, porque assinala um novo tratamento do objeto – que vai comparecer nos Elementos fundamentais para a crítica da economia política. Rascunhos. 1857-1858.
Para Marx, a sociedade burguesa é uma totalidade concreta. Não é um “todo” constituído por “partes” funcionalmente integradas. Antes, é uma totalidade concreta inclusiva e macroscópica, de máxima complexidade, constituída por totalidades de menor complexidade. Nenhuma dessas totalidades é “simples” – o que as distingue é o seu grau de complexidade. Mas a totalidade concreta e articulada que é a sociedade burguesa é uma totalidade dinâmica – seu movimento resulta do caráter contraditório de todas as totalidades que compõem a totalidade inclusiva e macroscópica. Sem as contradições, as totalidades seriam totalidades inertes, mortas – e o que a análise registra é precisamente a sua contínua transformação. A natureza dessas contradições, seus ritmos, as condições de seus limites, controles e soluções dependem da estrutura de cada totalidade – e, novamente, não há fórmulas/formas apriorísticas para determiná-las: também cabe à pesquisa descobri-las.
Articulando estas três categorias nucleares – a totalidade, a contradição e a mediação –, Marx descobriu a perspectiva metodológica que lhe propiciou o erguimento do seu edifício teórico. O fato é que sua teoria social permanece em construção – e todos os esforços exitosos operados nesta construção o que se constata é a fidelidade à perspectiva metodológica que acabamos de esboçar. É nesta fidelidade, aliás, que reside o que, num estudo célebre, Lukács (1974, p. 15) designou como ortodoxia em matéria de marxismo.

Extraído do Livro Introdução do método de Marx de José Paulo Neto.